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PAOLA CHARRY SIERRA

Homenagem a 4 Mentoras que encontrei no meu caminho I


Sou afortunada (e sempre somos!) por ter tido a mentoria “orgânica”** de 4 mulheres brasileiras que marcaram minha vida profissional: Maria Lucia Caira Gitahy, Eloisa Lopes, Aryamani e Adriana Ferreira.


À Maria Lucia Caira Gitahy, agradeço minha iniciação na arte da pesquisa científica. Ela acolheu de forma brilhante minhas inquietações dos 20 anos, enquanto eu fazia meu curso de graduação em Ciências Sociais e, foi acrescentando à minha rebeldia nata, uma acuidade de pesquisar a fundo, com organização e método. Foi com ela que aprendi e treinei como é dar consistência e substancia ao um inicial feeling e com isso ganhar robustez para poder proferir uma certa ideia ou posição de valor. Eu consegui atravessar, naquela ocasião, para dentro da arena, aonde as regras dos jogo das Ciências Sociais e da Historia são as que valem, pela presença mentora da querida Malu.

Em pouco tempo descobri que aprender a funcionar daquela forma me dava acesso não só a um mundo instituído no mundo dos homens, mas principalmente me dava uma clareza de pensamento, cujo fruto para mim, era ir galgando alguma profundidade na matéria da sociedade em geral, tão desconhecida para mim nesse então... Após algum treino nas próprias pesquisas dela sobre a historia do concreto (aonde vi tantas vezes seu rigor na organização das referencias e sua incansável busca por mais esclarecimento na leitura e interpretação de vários autores), pude adentrar no meu próprio interesse, que na época era a Historia das Mentalidades ( Phillipie Aries, Le Goff e etc ) e a Pesquisa sobre o Imaginário ( Evelyne Pataglean e Robert Darton ).

Meu cenário de pesquisa foi o universo circense e, com grande paciência e dedicação a Malu “aguentou” meu passo a passo de ir descobrindo o como, quando, porque e aonde. Foi assim que formatamos juntas dois projetos de pesquisa. O primeiro mais na área da Historia, que foi o primeiro trabalho de iniciação cientifica da PUCCAMP-Campinas aprovado pela FAPESP: “Cultura Circense e Arte Popular: Fontes para uma História Social das artes Circenses no Brasil: 1830-1918” e, meu trabalho de conclusão de curso mais na área do imaginário : “ Vida no Trapézio. Cultura Circense e Arte Popular” .

Lembro com alegria, minhas primeiras idas aos arquivos, buscar registros dessa historia, a beleza dos registros fotográficos ou os jornais da época; o cruzamento na leitura com outros autores que se colocaram também essas tarefas; os rituais de iniciação nos picadeiros que visitei e os riquíssimos encontros com os artistas circenses que entrevistei. Passos esses que foram desenhados e compromissados com ela, e assim é que nos sentimos em irmandade numa relação de mentoria.

Um exaustivo trabalho foi realizado de compilação de dados e transcrição de entrevistas , mas principalmente e mais desafiador , foi o exercício de imersão nesse mundo circense através de uma forma específica de apreender o mundo: a pesquisa nas Ciências Sociais e na Historia. A Malu ia introduzindo, a cada vez que eu chegava com minhas inquietações, descobertas e dúvidas, uma nova categoria, dessa forma de conhecer a realidade. Linguagens novas foram sendo descortinadas para meu pensamento através desses projetos de pesquisa e, com isso compreendi outros aspectos da sociedade, da profissão que eu havia escolhido, e claro aprendi sobre o impacto que isso teria nos meus valores e na formação da minha vida.

Aos 20 anos é tão maravilhoso encontrar uma mentora como foi a Malu para mim, quem me ensinou além da arte de fazer ciência e olhar o mundo como Antropóloga, me ensinou a humildade frente ao desconhecido, a disposição e coragem para entrar nesse desconhecido, a perseverança e suavidade no caminho e, principalmente o ouro do momento que é, o passo a passo, com ordem, lucidez e atenção plena!

Gratidão eterna querida Malu.

(continua....)

**Orgânica porque as relações que se teceram com elas aconteceram de forma espontânea e, depois foram pautadas na parceria de realização de tarefas que comungaram com meu fio dourado em minha vida vida profissional.


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